Resiliência

Hipervigilância Emocional na Era Digital

Introdução: Você sente que está sempre “de prontidão”? Responde rápido demais. Lê tudo. Sente tudo. Avalia tudo. Vive no modo “antenado”, mas termina o dia esgotado? Isso pode não ser apenas sobre rotina — pode ser hipervigilância emocional. E no cenário atual de redes sociais, estímulos infinitos e conexão sem pausa, esse estado se tornou crônico para muitos profissionais da saúde mental. Como vimos em Burnout Digital, o excesso de presença digital ativa um sistema interno de defesa constante — que precisa ser compreendido e regulado.


O que é hipervigilância emocional?

É o estado contínuo de alerta psicológico e sensorial em que o indivíduo monitora constantemente o ambiente, as emoções dos outros e seus próprios comportamentos — por medo de errar, ser criticado ou perder o controle. É um modo de sobrevivência disfarçado de atenção plena.


Sinais comuns desse padrão

  • Verifica mensagens e e-mails com frequência desproporcional
  • Sente necessidade de explicar ou justificar tudo o que diz
  • Se prepara para críticas que ainda nem aconteceram
  • Se sente exausto mesmo em dias “leves”
  • Tem dificuldade de relaxar de verdade, mesmo em pausas


Por que isso se intensificou na era digital?

  • Alta exposição e comparação profissional
  • Notificações constantes ativam o sistema simpático (alerta)
  • Falta de limites entre vida pessoal e profissional
  • Medo de cancelamento, julgamento e baixa performance


Como começar a regular essa hipervigilância?

  • 📵 Crie zonas sem estímulo digital: Primeira hora da manhã, após atendimentos ou refeições principais
  • 🧠 Observe seus gatilhos de controle: O que te leva a checar? A responder de imediato?
  • 📍 Treine pausas intencionais: Veja Estratégias de Regeneração Rápida
  • 💬 Nomeie o estado: “Estou em alerta. Estou me preparando para algo que não aconteceu.”
  • 📖 Escreva diariamente uma frase de presença emocional: “Agora estou seguro. Posso descansar.”


Conclusão

Hipervigilância emocional não é sinal de fraqueza — é sintoma de um sistema sobrecarregado tentando proteger você. O que antes te salvou, agora pode te adoecer. A boa notícia? Você pode ensinar ao seu corpo que ele está seguro. Um silêncio. Um não. Uma pausa. E tudo começa a mudar.

FAQ

  • 1. Isso é comum entre psicólogos? Muito. Principalmente entre os que trabalham online ou se cobram intensamente.
  • 2. Como saber se estou nesse estado? Observe o corpo: tensão, respiração curta, irritação sem motivo claro.
  • 3. Isso tem base neurofisiológica? Sim. Está diretamente relacionado ao sistema nervoso autônomo e à Teoria Polivagal.
  • 4. Posso usar isso com meus pacientes? Sim — inclusive para trabalhar ansiedade de desempenho, autocobrança e limites emocionais.
  • 5. Como começo agora? Desative por 10 minutos todas as notificações. Respire. Olhe em volta. Diga mentalmente: “aqui é seguro”.

Mikael Vilela - Psicólogo Clínico

Mikael Vilela é psicólogo clínico e idealizador do projeto Além do Burnout®, um ecossistema que une ciência, simbolismo e práticas restaurativas para ajudar psicólogos a reconstruírem sua vida e sua carreira com propósito, liberdade e saúde emocional. Apaixonado por transformar cansaço em recomeço, Mikael compartilha reflexões e ferramentas que nascem da prática — e da vivência.

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