Carreira

Síndrome do Impostor em Psicólogos: Como Lidar

Introdução: “Será que eu estou ajudando de verdade?” “E se alguém perceber que eu não sei o suficiente?” “Me formei, mas ainda me sinto uma fraude.” Essas frases — muitas vezes ditas no silêncio da mente — são sinais clássicos da síndrome do impostor. E sim, ela atinge psicólogos. Mesmo aqueles com anos de formação, com boa agenda e com escuta madura. Neste artigo, vamos entender o que é esse fenômeno, como ele se manifesta na prática clínica e como lidar com ele de forma respeitosa e realista.


O que é a síndrome do impostor?

É a sensação persistente de inadequação profissional, mesmo diante de evidências de competência. A pessoa sente que está enganando os outros, teme ser “descoberta” e acredita que seus resultados são fruto de sorte — e não de mérito. Na psicologia clínica, isso pode afetar desde a postura até a presença terapêutica.

Como a síndrome do impostor aparece entre psicólogos?

  • Evita se posicionar nas redes por medo de “não saber o suficiente”
  • Sente ansiedade antes de cada atendimento, mesmo com pacientes antigos
  • Evita assumir novos casos por achar que “não está pronto ainda”
  • Compara-se constantemente a colegas mais experientes
  • Minimiza elogios ou reconhecimentos (“foi só sorte”, “não foi nada demais”)


Por que isso acontece na psicologia?

  • 📚 Formação excessivamente crítica: Muitos cursos reforçam mais o que falta do que o que já existe
  • 🎓 Idealização da clínica: A prática é bem diferente da teoria, o que gera frustração precoce
  • 🔁 Comparação social: Redes sociais tornam visível só a parte “perfeita” da carreira dos outros
  • 💬 Pressão por performance emocional: Espera-se que o psicólogo “nunca erre” ou “sempre saiba como agir”


Como lidar com isso de forma prática?

  • 📖 Reescreva sua história clínica: Faça um diário profissional. Registre pequenos sucessos, feedbacks, aprendizados
  • 📣 Compartilhe em espaços seguros: Supervisão, grupos, redes de apoio — falar tira o peso da mente
  • 📍 Nomeie o ciclo: “Essa sensação é síndrome do impostor — e não verdade absoluta”
  • ✅ Lembre-se da ética da suficiência: Você não precisa ser perfeito para ser eficaz
  • 🛑 Paute sua atuação pela presença, não pela certeza: A escuta é mais sobre vínculo do que sobre respostas prontas


O que não fazer?

  • Não se isole — isso só aumenta a dúvida
  • Não se compare com quem está em outra fase de vida/carreira
  • Não anule sua trajetória — ela é legítima, mesmo com falhas


Conclusão

Você não é uma farsa. Você está em construção. E esse lugar — o da imperfeição consciente — é um dos mais humanos para se estar como psicólogo. A síndrome do impostor pode até sussurrar, mas não precisa comandar. Presença, escuta e intenção ética bastam. O resto se constrói no caminho.


FAQ

  • 1. Todo psicólogo passa por isso? Não todos, mas muitos. E não é sinal de incompetência — é sinal de consciência mal regulada.
  • 2. Posso trabalhar isso em terapia? Sim — inclusive é importante. Autocuidado também passa pela identidade profissional.
  • 3. Isso tem cura? O objetivo não é “curar”, mas acolher, nomear e reduzir o impacto no dia a dia.
  • 4. E se isso me paralisar? Busque suporte. Supervisão, terapia ou mentorias podem devolver movimento à sua prática.
  • 5. Isso interfere na escuta clínica? Sim. A dúvida constante pode gerar rigidez, excesso de técnica e bloqueio de empatia.

Mikael Vilela - Psicólogo Clínico

Mikael Vilela é psicólogo clínico e idealizador do projeto Além do Burnout®, um ecossistema que une ciência, simbolismo e práticas restaurativas para ajudar psicólogos a reconstruírem sua vida e sua carreira com propósito, liberdade e saúde emocional. Apaixonado por transformar cansaço em recomeço, Mikael compartilha reflexões e ferramentas que nascem da prática — e da vivência.

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